- 24 de outubro de 2024
- Posted by: Forest
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O setor florestal brasileiro é sinônimo de sustentabilidade e e tem buscado diminuir burocracias para continuar a produzir com responsabilidade e qualidade.
Frank Rogieri é presidente do Fórum Nacional de Atividades de Base Florestal e tem trabalhado em prol dessa aliança entre sustentabilidade e produção.
Rogieri concedeu entrevista exclusiva à Forest News e contou mais sobre como o FNBF tem trabalhado em prol do desenvolvimento florestal no Brasil e como o segmento tem observado o crescimento do Espírito Santo no setor.
Forest News – O FNBF tem um papel importante de união entre os setores da atividade florestal desde a sua criação. Nesses 25 anos, como o Fórum tem trabalhado em prol do segmento?
Frank Rogieri – O Fórum tem atuado em várias frentes. A frente que ele atua mais forte, com bastante decisão, é na melhoria das condições de trabalho das empresas, buscando reduzir a burocracia, levando transparência ao setor.
A gente atua muito em Brasília, no Ministério do Meio Ambiente, junto ao IBAMA, aos órgãos reguladores nos estados, para que seja, eu não vou dizer assim, flexibilizado, mas que traga melhor condição, que a gente elimine aqueles penduricalhos, que não garantem sustentabilidade, que não garantem preservação ambiental, e só servem para atrapalhar a vida das empresas, dificultar os negócios, dificultar com que nossos produtos cheguem na casa do nosso cliente, do povo brasileiro.
Então, esse papel institucional, é buscando melhoria nas normatizações, nas portarias e nas leis que regem o país.
Na outra ponta, o Fórum fomenta o consumo de madeira nativa no Brasil. Nós desenvolvemos um evento, que é o Madeira Sustentável, que é um evento que vai para a sua terceira edição este ano, agora em novembro, lá em Belo Horizonte, onde a gente reúne os diversos atores da cadeia, arquitetos, engenheiros, varejistas, designers de interior, representantes comerciais, para que essas pessoas vão lá para se atualizar do nosso setor, entender como que o Brasil hoje é líder em preservação ambiental, como que o uso da madeira pode estar ajudando na conservação, na preservação das florestas, na manutenção da floresta em pé, no combate aos ilícitos ambientais, ao desmatamento ilegal, às invasões e grilagens de terra.
E, ao mesmo tempo, levando um produto de alta qualidade, com alta sustentabilidade e renovação para a sua residência. A madeira leva a vida, leva conforto, leva aconchego aos lares brasileiros, desde um assoalho, um forro, um revestimento de parede, uma estrutura de um sofá, uma carroceria de caminhão, uma embarcação dos pescadores e assim por diante. Então, nós trabalhamos nessas duas frentes aí.Além de ajudar na qualificação profissional e na melhoria dos nossos trabalhadores.
Forest News – Atualmente, como o FNBF tem observado o setor florestal capixaba? Na visão de vocês, o estado pode se tornar um polo nacional nesse segmento?
Frank Rogieri – O mercado capixaba é muito interessante, porque o capixaba, por natureza, ele adora a madeira. O Espírito Santo é um estado muito bonito, um estado que usa a madeira na essência. O povo capixaba valoriza a madeira e sabe trabalhar com isso, o varejista, o lojista.
Nós temos lojas aí de segunda geração, de terceira geração, e isso é o que nos move. A região de serra e a região litorânea são as regiões que mais consomem madeira no Brasil.
E como o Espírito Santo é um estado que contempla as duas coisas, é um estado que já é um importante consumidor de madeira nativa brasileira e nós devemos enriquecer isso ainda mais, aumentar mais os laços de negócio, fomentar ainda mais o consumo de madeira nativa aí no estado.
Forest News – Na sua visão, quais as principais dificuldades e desafios do setor florestal capixaba para conseguir se desenvolver nos próximos anos?
Frank Rogieri – Os principais desafios, não só no Espírito Santo, são os mesmos. O desafio é combater o preconceito, combater a burocracia, fazer com que fique mais leve para que o comerciante, para que o varejista, o atacadista de madeira trabalhe em paz com o seu produto florestal.
A gente vem trabalhando para isso, é impossível você trabalhar com a faca na garganta. E a gente, quando se muda o sistema, leva muita insegurança jurídica aí para o varejista e para a ponta.
E toda vez que o varejista sofre com isso, muitas pessoas saem do mercado e com isso atrapalha também aqui na indústria. Ela vem represando de lá para cá. Então a gente precisa melhorar as condições, dar mais segurança ao consumidor da madeira, ao representante comercial, ao nosso varejista e ao lojista do Espírito Santo, esse é um grande desafio para a gente poder avançar.
A gente tem que sensibilizar os atores públicos, os secretários de meio ambiente, os diretores, todas as pessoas envolvidas nisso para que eles entendam como um todo, como funciona a cadeia para evitar os abusos que acontecem.
Forest News – Uma questão importante quando tratamos do setor florestal é a sustentabilidade. Como a FNBF observa a preocupação das empresas nacionais em cumprir essa missão?
Frank Rogieri – Quando a gente fala em sustentabilidade, o setor de base florestal é mestre nisso. Faz com maestria. O manejo florestal sustentável é a maior ferramenta de sustentabilidade que nós temos. Sustentabilidade e renovação.
Então, quando a gente vai extrair madeira, extrair uma árvore, colher uma árvore no manejo florestal sustentável, qual que é a ciência aplicada ali?
A árvore é como um ser vivo. Nós nascemos, crescemos, nos reproduzimos ou não, envelhecemos e morremos.
E a árvore tem o mesmo papel, funciona da mesma forma. Ela nasce, cresce, nesse crescimento ela faz o processo de fotossíntese, sequestrando carbono, pega o carbono e transforma em madeira, certo? Fica adulta, se reproduz, envelhece e morre. Então, nós identificamos essas árvores na floresta que já cumpriram o seu papel ambiental, colhemos ela de forma racional, levamos para a indústria, abrimos naquele local que estava aquela árvore, um espaço em que ela dominava, em que ela abafava, que a luz não entrava, a partir da colheita dela, o sol entra e promove a renovação da floresta.
Vão competir entre elas, centenas delas que estavam adormecidas ali, que não tinham luz solar para realizar fotossíntese, vão competir e duas ou três delas vão se sobrepor novamente.
Então, hoje, na construção civil, o produto com maior sustentabilidade que tem é madeira, sem sombra de dúvida. E as nossas empresas, as afiliadas ao Fórum, exercem isso na essência, está na alma, e a sustentabilidade é da nossa natureza.
Forest News – Qual a importância de eventos como a Espírito Madeira para levar o setor madeireiro e suas atividades para conhecimento do grande público?
Frank Rogieri – A Espírito Madeira é um espaço democrático, plural, em que nós vamos dar a oportunidade da grande massa, do grande público, ter contato com os diversos atores do setor, com o lojista, com os industriais que somos nós, junto conosco com alguns técnicos, engenheiros florestais, vai o pessoal do CIPEM, que tem uma organização muito forte, vai o nosso pessoal do fórum e a gente pode debater, esclarecer, levar à luz a cadeia produtiva da madeira brasileira e lá, no Madeira Sustentável, nós temos essa oportunidade de ajudar no combate à discriminação, no combate ao preconceito e promoção dessa cadeia belíssima, que promove sustentabilidade, proteção ambiental e, acima de tudo, leva dignidade gerando emprego e distribuindo renda ao povo da Amazônia brasileira.