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Ronaldo Barbosa resgata raízes capixabas para explicar crescimento da marcenaria do estado

Ronaldo Barbosa é um dos designers mais reconhecidos do Brasil e capixaba de nascimento, traça o forte caráter da marcenaria do Espírito Santo com a imigração italiana no estado.

Aficionado por casas antigas de imigrantes, Barbosa coleciona essas residências. O designer desmonta e remonta em sua propriedade e com isso ganhou maior compreensão da qualidade no trabalho com a madeira desses pioneiros.

Barbosa concedeu entrevista exclusiva à Forest News em que conta também sobre desenvolvimento sustentável e a importância da preservação da memória dos imigrantes no estado.

Forest News – Como você avalia a influência dos imigrantes na qualidade da marcenaria capixaba?

Ronaldo Barbosa – A marcenaria capixaba é muito qualificada, extremamente qualificada. Eu penso que isso se deu devido à influência da imigração italiana no Espírito Santo. Esses jovens, quando vieram para cá, 80% era do Vêneto, na Itália.

E o Vêneto, no século XVII, era, digamos assim, a capital da marcenaria na Europa. Embora o país estivesse em guerra, separado, não era unificado. Mas eles trouxeram para o Espírito Santo esse fazer com as mãos muito qualificado.

Então, acho que isso influenciou muito a marcenaria, principalmente porque eles construíram suas casas. Eu tenho aqui no sítio onde eu moro, reproduções. Eu coleciono algumas casas, eu compro essas casas quando a terceira ou quarta geração de imigrantes italianos ou alemães edificam uma nova, eles querem vender essas casas e vão para esse lugar.

Tem essas casas que eram do nono, da nona. Eu numero essas casas, desmonto e remonto aqui. E eu tenho percebido, nessa reconstrução, uma inteligência muito grande, que eu chamo de casas inteligentes.

Eu chamo de casa inteligente porque era uma casa toda feita à mão. São casas que são frescas no verão e aquecem no inverno. 

Então, são casas muito, muito, muito bem feitas, bem elaboradas, apesar de serem casas simples. Depois tem a modelaria também, que foram feitas, que eu chamo um pouco de design da sobrevivência, que são essas soluções espontâneas que eles foram dando para sobreviver através dos seus utensílios de madeira. Eu acho que isso formou um DNA da marcenaria capixaba.

Então, acho que isso tudo qualificou muito a marcenaria do Espírito Santo e fez com que ela tenha a atenção dos designers brasileiros que elaboram e produzem os seus projetos aqui.

Forest News – Como você tem visto o crescimento do setor de base florestal no Espírito Santo nos últimos anos?

Ronaldo Barbosa – Eu acho que o Espírito Santo começa a aparecer efetivamente a partir dos anos 80, 90. Mas agora há um desenvolvimento de um polo turístico muito forte na região das montanhas. Eu acho que essa não inclusão no mapa, digamos assim, ficou muito por conta lá atrás ainda das capitanias hereditárias, que o Espírito Santo ficou como uma área de proteção.

Chamavam o cinturão verde, para que não houvesse invasões. Então o Espírito Santo ficou um pouco protegido,ficou bastante protegido de fato dessas invasões, e daí eu acho que isso gerou um desenvolvimento econômico, social, entre outros. Agora, é um estado com uma diversidade de migração muito grande, apesar da maioria, quase 70% dos imigrantes serem de origem italiana, nós temos uma migração alemã, holandesa, finlandesa e suíça.

E eu acho que essa herança e esse desenvolvimento cultural está sendo muito mostrado agora. E muito evidenciado agora que o Espírito Santo é um estado com uma diversidade geológica muito grande, principalmente em Pedra Azul e Venda Nova, que é a capital do agroturismo do Brasil, e agora inaugurou uma experiência muito bacana aqui, inclusive: A Casa Nossa. Ela fala sobre migração italiana, nós reconstruímos duas casas, também de madeira, para que seja feita essa experiência turística.

Então, tem muita gente trabalhando na madeira e é um estado que tem um reflorestamento, uma área de preservação bastante grande.

Forest News – Na sua visão, qual a importância de eventos como a Espírito Madeira para o desenvolvimento do setor de base florestal capixaba?

Ronaldo Barbosa – A principal importância é o fato dessa consciência ecológica. Essa produção de madeira limpa, eu acho que é importantíssimo isso, porque sem ela nós não vamos ter um planeta.

Então, tanto do ponto de vista dos fabricantes, dos designers, de toda a cadeia produtiva envolvida nessa questão. Eu acho que o principal item é a questão da consciência ecológica. Isso eu estou falando como uma experiência de fato, porque, na teoria, a gente já vem falando isso há muitos anos.

Acho que além de falar sobre a cadeia produtiva, a força do pólo moveleiro, a força da marcenaria no Espírito Santo, a questão dos vários arquitetos envolvidos nisso, a produção artesanal, esse setor todo envolvido.

Mas a principal coisa de fato é termos a experiência, a certeza e o comprometimento dessa consciência ecológica de uma vez por todas, porque não se admite mais, em hipótese alguma, ter dúvidas nesse sentido.

Então essa produção limpa de madeira, certificada, qualificada com técnicas avançadas, para que a gente possa pensar o setor de base florestal como um todo. Apresentar essas boas práticas para o público.

Aqui no Espirito Santo, nós temos algumas que estão preservando áreas para projetos sociais e educativos.

Eu acho que o Espírito Madeira, como o próprio nome evoca, trata do espírito, da consciência, da alma, e ele deve ser visto como um evento com abrangência no território brasileiro.